sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Profundeza

"De olhos fechados, silencioso, estático, sereno... Nada sentia, se não a fúria crescente em minha inconsciência, o sangue esquentando em minhas veias, sabia o que acontecia, mas meu corpo não respondia aos meus comandos, até que a tênue linha que separava a consciência da inconsciência se rompeu no momento em que abri os olhos e gritei o grito doloroso e incontrolável do ódio. Senti minha própria ira fluir pelo meu corpo, esquentando minha pele, me tornando mais forte, me tornando invulnerável queimando incontrolavelmente todo o ar ao meu redor;
todos os meus pensamentos se uniram em um único objetivo, então, não pude mais suportar e libertei o monstro que existia dentro de mim, ele sorriu ao assumir o controle.
Descobri exasperado que o monstro  controlado por tanto tempo, e que tanto temia, era eu mesmo, minha verdadeira natureza, minha real forma e nela eu era indestrutível, seria forte, e era indescritivelmente livre.
Gostei do que sentia, gostei da força que fluía de meus poros, não sabia de onde ela vinha, mas sabia que sua fonte era inesgotável. Libertei-me das últimas amarras, que me mantinham estático e controlado, um mero e indefeso observador...
Como me senti?
Como me senti, meu caro?
Vergonhosamente me senti bem, me senti livre, uma liberdade permanente e duradoura, mas a infinita tristeza e o ódio que sentia não diminuíam, apenas eram aplacados quando fluíam, continuavam crescentes mas controlados, enquanto eu deixava-os fluir.
Perdi a consciência em algum momento, e quando torneia abrir os olhos, tudo ao meu redor queimava e jazia destruído.
Meu DEUS, o que eu fiz?!?!?"

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